Paulo Sant’Ana: “Meus secretos amigos” / “My secret friends”

[ PT – Português ]

Meus secretos amigos

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.

Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles… Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências…

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Essa mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles!

Eles não iriam acreditar! Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação dos meus amigos, mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não o declare e não os procure.

Às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles e me envergonho porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem-estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamento sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer… Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos e, principalmente, os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus verdadeiros amigos.

A gente não faz amigos, reconhece-os.” (Garth Henrichs)

Paulo Sant’Ana, “Zero Hora”, 15/04/1994

FONTE: [aqui] (eu tomei a liberdade de incluir o nome do autor da frase citada no final para evitar a confusão que descrevo na nota seguinte).

NOTA: Esta crónica, que é de Paulo Sant’Ana e foi publicada no jornal “Zero Hora” de 15/04/1994, aparece muitas vezes na internet associada a outros autores, como Vinícius de Moraes ou Garth Henrichs (autor da frase citada no final). O texto “Textos apócrifos na internet – Vinícius?” de Betty Vidigal, no número 102 da Revista “O Escritor” (da União Brasileira de Escritores), Março de 2003, procura esclarecer esta questão. O próprio Paulo Sant’Ana também procura esclarecer esta questão no seu blogue, com o post “Plágio póstumo”. O meu interesse por uma obra está na própria obra e não no autor (e este texto vale por si). Mas neste caso não posso deixar de fazer este reparo, pois também eu fui induzido em erro e pensava que este texto era de Vinícius de Moraes (parece que as obras de Vinícius de Moraes estão todas reunidas no site http://www.viniciusdemoraes.com.br/, no qual eu não consegui encontrar este texto). Aqui está um belo exemplo dos riscos da internet – é preciso ter atenção às referências e confirmá-las.

 

[ EN – English ]

Sorry I haven’t done the translation yet… But you can use Google Translate meanwhile!:)

Mafalda – Cambiar el Mundo / Mudar o Mundo / Change the World

Mafalda_MudarMundoMafalda by Quino (clicar para ampliar / click to enlarge).

[ ES – Español ] Original en Español:

  1. “Cambiar el Mundo! Jáh!… Cosas de la juventud!”
  2. “También yo cuando era adolescente, tenia esas ideas, y ya ve…”
  3. “Sonamos muchachos! Resulta que si uno no se apura a cambiar el Mundo, después es el mundo el que lo cambia a uno!”

[ PT – Português ] A minha tradução para Português:

  1. “Mudar o Mundo! Pois!… Coisas da juventude!”
  2. “Também eu quando era adolescente, tinha essas ideias, e agora olha…”
  3. “Rápido amigos! Acontece que se não nos despacharmos a mudar o Mundo, depois é o Mundo que nos muda a nós!”

[ EN – English ] My translation to English:

  1. “Change the World! Yes!… Youth wishes!”
  2. “I also had those ideias when I was a teenager, and know you can see…”
  3. “Quick my friends! If we are not fast changing the World, then it is the World that changes us!

Vive os teus pensamentos… / Live your thoughts…

[ PT – Português ]

Em jeito de resoluçao de aniverário – agradecimentos especiais à truta!:)

Vive os teus pensamentos…

(pensamentos confusos -> palavras + acções -> pensamentos esclarecidos)

… para esclarecer a tua mente.

 

[ EN – English ]

In a kind of birthday resolution – special thanks to the trout!:)

Live your thoughts…

(doubt thoughts -> words + actions -> clear thoughts)

… to clear your mind.

Jessica Jackley: “Poverty, money – and love” / “Pobreza, dinheiro – e amor”

[ PT – Português ]

Este artigo é sobre a palestra (TED talk) “Pobreza, dinheiro – e amor” (“Poverty, money – and love”) proferida por Jessica Jackley na TEDGlobal 2010. A palestra é em Inglês e (ainda) não tem legendas em Português. De qualquer forma, a palestra é sobre as nossas acções e sentimentos em relação à luta contra a pobreza. A ideia principal é o uso de microcrédito para combater a pobreza nos países menos desenvolvidos e também nos mais desenvolvidos. Websites relacionados com a palestra:

  • Kiva – Loans that change lives (Empréstimos que mudam vidas) [http://www.kiva.org/, em Inglês]
  • Profounder – Crowdfunding for your business (Financiamento da multidão para o seu negócio) [http://www.profounder.com/, em Inglês]

Esta é provavelmente a melhor TED talk de sempre, sobretudo pela ideia, mas também pela apresentação apaixonada e emocionada (ver até ao final) e, sim, pela beleza e charme da oradora.

Para quem ainda não conhece, as TED talks são como um “canal das boas notícias/ideias do Mundo” onde se apresentam ideias que podem e estão a mudar Mundo. E mudam também a vida de quem as vê, por isso espreitem o website (há palestras sobre todas as áreas e algumas têm legendas em Português): http://www.ted.com/.

[ EN – English ]

Talk “Poverty, money – and love” by Jessica Jackley at TEDGlobal 2010.The talk is about our actions and feelings regarding the fight against poverty. The main idea is the use of microcredit to fight poverty in the less developed and also in the more developed countries. Websites related with the talk:

This is probably the best TED talk ever, mainly for the idea, but also for the passionate and emotional presentation (see till the end) and, yes, for the speaker’s beauty and charm.

For those who still don’t know them, TED talks are like a “World’s good news/ideas channel” presenting ideas than can and are changing the world. And they also change the life of those who see them. So take a look at the website (it has talks of all the areas): http://www.ted.com/.

Luís Vaz de Camões, “Busque Amor novas artes, novo engenho” / “May Love seek out new arts, devise a plot”

[ PT – Português ]

Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n’alma me tem posto.
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e doi não sei porquê.

Luís Vaz de Camões, 1595

Fonte – poema original em Português e traduzido para Inglês [aqui].

[ EN – English ]

May Love seek out new arts, devise a plot
to kill me, and discover new disdain;
for robbing me of hope will be in vain,
since it can scarcely take what I’ve not got.

Behold the kind of hopes on which I stand!
And see how perilous my certainties!
For I fear neither change nor enmities,
ploughing the sea, lost far from any land.

And yet, although one cannot pay grief’s toll
where hope is gone, still Love has hidden there
for me an ill, that kills and can’t be seen;

how long ago did Love place in my soul
I don’t know what, born I don’t know where,
come I don’t know how, nor why it aches so keen.

Luís Vaz de Camões, 1595
(translation: Alexis Levitin, 1998)

Source – original poema in Portuguese and English translation [here].

Vida a quatro tempos / Life in four time

"Life" by Adonis Werther“Vida” / “Life”, Adonis Werther
(clica para aumentar / click to enlarge)
Fonte / Source [aqui / here]

“Vida II” / “Life II” [aqui / here].

“Quando se leva com os versos na cara” / “When the verses hit you in the face”

[ PT – Português ]

Impossível é não
entender o poema.
Quando se leva
com os versos na cara.

Fernando Aguiar

Excerto do poema “Como quem quer dizer tudo” de Fernando Aguiar. Poema completo [aqui].

[ EN – English ]

Impossible is
not to understand the poem.
When the verses
hit you in the face.

Fernando Aguiar
(unofficial translation by Carlos Afonso)

Excerpt from the poem “As who wants to say everything” by Fernando Aguiar. Full poem [here].

“Árvore”, um anúncio inspirador! / “Tree”, an inspiring ad!

“Árvore” / “Tree”, 2 mins, TOI – Lead India.

Fernando Aguiar, “Como quem quer dizer tudo” / “As who wants to say everything”

[ PT – Português ]

Como quem quer dizer tudo

Atirar o poema.
De chofre.
Palavras cuspidas.
Cruas. Abruptas.
Materializar o que sai.
Para que se diga.
Objectos em forma
de som.
Lançados com
a raiva da força.
Projectados nos
contornos da voz.
Poética que transmite
fora do tom.
Como quem quer
dizer: con tudo.
Ideia (in)contida
que extravasa.
Veicular o instante
pelo peso das letras.
Empatia subjectiva
que se constitui.

Impossível é não
entender o poema.
Quando se leva
com os versos na cara.

Fernando Aguiar

Fonte [aqui].

[ EN – English ]

As who wants to say everything

To throw the poem.
Suddenly.
Spat words.
Raw. Abrupt.
To materialize what comes out.
To be said.
Objects in form
of sound.
Thrown with
the anger of the force.
Projected in the
contours of the voice.
Poetic which transmit
out of tone.
As who wants
to say: with al(l).
(Un)Contained idea
which spill.
To convey the instant
by the weight of the letters.
Subjective empathy
which is constituted.

Impossible is
not to understand the poem.
When the verses
hit you in the face.

Fernando Aguiar
(unofficial translation by Carlos Afonso)

Source – original poem in Portuguese [here].

“Tango Argentino” by Pedro Alvarez

Tango Argentino by Pedro Alvarez

“Tango Argentino” by Pedro Alvarez